Como está a conversa com sua voz interior?

Você já ouviu falar em inner voice ou voz interior? Trata-se da voz que fala dentro de nós o tempo todo.

Quem explica sobre o assunto é Ethan Kross, psicólogo experimental, neurocientista e escritor americano especializado em regulação emocional. Ele é professor na Universidade de Michigan e autor do livro “A voz na sua cabeça”. Kross observa que essa voz interior desempenha um papel fundamental em nossas vidas. Primeiro porque a linguagem é a ferramenta que usamos para nos comunicar, alcançar objetivos e explicar intenções. Além disso, ele destaca que a linguagem também serve para nos comunicarmos com nós mesmos, geralmente através de uma voz silenciosa.

UM MONÓLOGO QUE NEM SEMPRE COLABORA

Essa conversa interna nos ajuda a argumentar e encontrar soluções, antecipar situações, propor caminhos diante das possibilidades futuras, simular cenários e planejar. Ela também apoia nosso autocontrole, alertando sobre decisões que poderiam causar arrependimentos no futuro. Além disso, a voz interior nos auxilia a criar histórias sobre quem somos, com base em memórias e experiências vividas.

Embora essa voz possa ser incrivelmente útil, em algumas situações ela pode nos prejudicar. De que forma? Kross alerta que, muitas vezes, não vivemos o presente porque estamos presos em conversas internas sobre situações do passado ou do futuro. Esses pensamentos negativos, aos quais ele se refere como “chatter”, podem consumir nossa atenção e prejudicar nossa concentração. Isso gera dificuldades de relacionamento e aumenta nosso nível de irritação, podendo até nos tornar agressivos.

Essas situações de conversa negativa constante podem levar a um estresse prolongado e a problemas de saúde. Muitas vezes, esses pensamentos não refletem a realidade. Imagine, por exemplo, enfrentar um problema que nos impede de seguir em frente. Ficamos “ruminando” o assunto, repetindo o mesmo ciclo de preocupações e ampliando as ansiedades, sem encontrar solução.

SAIBA CONTROLAR A CONVERSA E EVITAR O ESTRESSE

Avaliar as implicações desse tipo de comportamento mental pode ser desafiador. Felizmente, existem formas de contornar esses hábitos e recuperar o controle sobre nossa voz interior.

Criar rituais para realizar atividades ou tarefas em uma sequência ordenada ajuda a trazer uma sensação de controle sobre os compromissos. Ter uma rotina estabelecida é uma maneira de lidar melhor com as demandas do dia a dia. A prática de técnicas de mindfulness também pode ser eficaz para gerenciar uma mente crítica e inquieta.

Não existe uma fórmula única que funcione para todos, mas cada pessoa pode buscar a abordagem que melhor se adequa à sua realidade. Ter consciência da própria conversa interna e praticar a auto-observação são passos importantes para enfrentar esse monólogo negativo e viver de forma mais equilibrada.